Warzone Mobile: Fracasso do Jogo Mostra o Que Há de Errado com Jogos para Celular

Call Of Duty Warzone Mobile
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O game Warzone Mobile chegou ao fim. O jogo Battle Royale para Android e iOS, ambientado no universo de Call of Duty, não alcançou os resultados esperados pela sua desenvolvedora, a Activision, e foi retirado do Google Play e da App Store apenas um ano após seu lançamento. Esse fracasso, agora, expõe diversos problemas no mercado de jogos mobile e no modelo de negócios adotado pelas empresas.

A Activision anunciou o encerramento do Warzone Mobile no dia 16 de maio, por meio do X (antigo Twitter). No entanto, o jogo foi oficialmente removido das lojas de aplicativos no dia 19. Quem instalou o jogo antes dessa data ainda pode jogá-lo, ao menos por enquanto, mas em breve ele será descontinuado de forma definitiva. Veja a explicação oficial da desenvolvedora:

"Não vamos mais lançar novos conteúdos sazonais ou atualizações de jogabilidade para a versão mobile. A partir de agora, os jogadores não poderão mais comprar pontos Call of Duty ou Black Cell com dinheiro real no Call of Duty: Warzone Mobile. Domingo, 18 de maio de 2025, será o último dia para baixar o jogo nas lojas Google Play e App Store. Os recursos sociais também serão removidos dessas plataformas móveis."

— Call of Duty: Warzone Mobile (@WarzoneMobile) May 16, 2025

Não há reembolso para compras no aplicativo, como já esperado

Os pontos de Call of Duty e os Black Cell são microtransações. Warzone Mobile é um jogo gratuito, mas com serviços contínuos, ou seja, você pode instalar e jogar o game sem pagar nada. No entanto, basicamente tudo dentro dele foi pensado para incentivar o uso de compras no aplicativo, como a jogabilidade, interface e modos. A franquia Call of Duty já é conhecida por seu modelo de monetização agressivo, muitas vezes visto como predatório.

No Warzone Mobile, existe até um Passe de Batalha dentro do próprio Passe de Batalha, que consiste em uma assinatura recorrente que libera elementos extras no jogo. Também há pacotes ligados a eventos específicos que, para serem desbloqueados, exigem o uso de moedas virtuais, como os pontos do Call of Duty, mas que só podem ser adquiridos com dinheiro real. A estratégia do game é bombardear os jogadores com conteúdo pago que não pode ser desbloqueado jogando normalmente. Mas se caso der, o processo será extremamente lento e cansativo.

Esse tipo de monetização funciona bem em jogos como o Warzone Mobile. O conceito é simples e a jogabilidade repetitiva: o game te coloca em um grande mapa com a missão de eliminar outros jogadores enquanto coleta equipamentos e tenta sobreviver até o final. A mecânica se repete constantemente, o que naturalmente acaba gerando uma sensação de tédio após algum tempo.

Além dessa monotonia, existe o fator social do modo multijogador. Como você acaba enfrentando outros jogadores com personagens ou armas que você não tem, começa a sentir que também precisa daquilo para competir no mesmo nível e deixar o jogo mais divertido novamente.

Todas essas mecânicas foram pensadas estrategicamente pelos desenvolvedores para forçar o jogador a gastar dinheiro. Esse assunto por si só, inclusive, já renderia um artigo inteiro. Mas o que importa aqui é que a Activision deixou bem claro que os jogadores do Warzone Mobile não terão reembolso por suas compras no aplicativo. A empresa afirmou que ainda é possível, no entanto, usar a moeda virtual acumulada na loja do jogo.

De qualquer forma, o Warzone Mobile permite a sincronização do seu progresso com a versão do Warzone no console ou PC. Para isso, é preciso apenas usar a mesma conta e vinculá-las, então nem tudo está perdido.

Warzone Mobile: o jogo não era móvel o suficiente?

Ficou bem claro que a Activision esperava ter um maior retorno financeiro com o Warzone Mobile. Em outubro de 2024, seis meses após o lançamento oficial do jogo, foi divulgado que o título tinha arrecadado "apenas" US$ 13 milhões. A quantia pode parecer alta, mas é muito baixa em comparação com os US$ 2 bilhões faturados pelo Call of Duty: Mobile (lançado pela Tencent, não pela Activision) desde 2019.

Mas a Activision evitou comentar sobre o lançamento desastroso do Warzone Mobile em 2024. Eu mesmo testei o jogo no Android e no iOS e achei a performance ruim. Mesmo usando smartphones topo de linha, os problemas de fluidez e estabilidade me fizeram desistir sem pensar duas vezes. Muitos jogadores também relataram que o jogo exigia demais do dispositivo, o que consequentemente causava superaquecimento e acabava drenando a bateria rapidamente.

Outro ponto que pode ter contribuído para o fracasso do Warzone Mobile é o próprio mercado mobile atual. O título tinha todas as características de um jogo para celular, mas ele não era realmente pensado para esse tipo de plataforma. Na verdade, ele era a adaptação de um jogo de console ou PC para dispositivos portáteis menores, como smartphones e tablets. Os gráficos eram bastante avançados e o game até suportava controles Bluetooth, entregando a experiência de jogar da forma tradicional. 

Mas por que eu migraria para o Warzone Mobile se já investi tempo e dinheiro na versão para console ou PC? Por que começar um jogo quase idêntico do zero se já gastei uma fortuna em microtransações na outra versão?

Pessoalmente, gosto muito de jogos para smartphones que se aproximam de uma experiência de console. Achei incrível poder jogar Resident Evil Village em um iPhone, por exemplo. E foi exatamente por isso que fiquei decepcionado ao ver que o Delta Force, outro jogo de tiro multiplayer lançado recentemente para mobile, não tem suporte para controles.

Infelizmente, a maioria dos jogos para celular não foram pensados dessa forma. Games ambiciosos costumam enfrentar dificuldades no Android ou iOS, mesmo que os smartphones sejam hoje a principal plataforma para consumo de videogames. Porém, por mais estranho que pareça, os jogos "AAA", aqueles com grandes investimentos, geralmente não dão certo nesse ambiente. A versão de Alien Isolation lançada para celulares em 2021 é, na minha opinião, a melhor adaptação mobile já feita, mas mesmo assim quase ninguém comenta sobre ela.

Talvez isso ajude a explicar o motivo pelo qual o Warzone Mobile fracassou, além do lançamento ruim e do modelo de negócios extremamente tóxico. Então, fica a pergunta: quantos reais você gastou em compras dentro do aplicativo no Warzone Mobile?

Fonte: Activision

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Antoine Engels

Antoine Engels
Senior Editor

Black belt in specs sheet analysis. OnePlus fanboy in (slow) remission. Average estimated reading time of my articles: 48 minutes. Tech deals fact-checker in my spare time. Hates talking about himself in the 3rd person. Dreams he was a gaming journalist in another life. Doesn't get the concept of irony. Head of editorial for NextPit France.

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