A bateria do Note 7 vs. o “Antennagate” do iPhone 4: o modo certo de lidar com uma crise

AndroidPIT Smartphone On fire
© nextpit

Essa semana não foi nada fácil para a Samsung. Isso porque ela descobriu que o seu mais novo top de linha, o Galaxy Note 7, traz um problema que que pode fazer com que a bateria do dispositivo exploda quando está em processo de carregamento. A fabricante detectou 35 casos do gênero ao redor mundo e, com isso, foi obrigada a paralisar a venda do modelo, além de promover um recall com todos aqueles que quiserem trocá-lo por um novo. 

Um problema dessa magnitude é algo desastroso para um dispositivo como o Note 7. Afinal, trata-se de uma série que conta com uma grande legião de fãs e o ocorrido pode fazer com que eles migrem para dispositivos de outras marcas. Além disso, o modelo é um dos tops de linha da marca e cuja faixa de preço proporciona uma bela margem de lucro para Samsung, juntamente com a linha Galaxy S. 

Ou seja, além do alto custo que um processo de recall acarreta, a Samsung corre o risco de perder parte do público interessado em comprar o Note 7. Com isso, a empresa pode levar um prejuízo daqueles nos seus próximos balanços financeiros, além de “queimar” um modelo que era tido como bastante promissor pelo mercado. 

Mas, apesar de tudo isso, a Samsung merece elogios pela forma como lidou com essa crise e pela rapidez de suas ações. Basta comparar com outro caso, conhecido como “Antennagate”, que aconteceu com a sua arquirrival Apple anos atrás. 

A Apple mostrou como não se lida com uma crise de produtos

Para quem não se lembra, o “Antennagate” aconteceu em 2010, logo após o lançamento do iPhone 4, em junho daquele ano. O então novo smartphone trazia um problema em sua antena, que causava falhas na recepção do aparelho, fazendo com que as ligações caíssem. 

Até aí, tudo bem. Falhas acontecem e é só fazer um recall, como a Samsung está fazendo agora com o Note 7, certo? Não para a Apple. Na época, a empresa – mais popular do que nunca no mercado de telefonia – simplesmente negou a existência do bug.

Na sequência, mesmo com cada vez mais gente reclamando, Steve Jobs, então CEO da empresa, veio a público para dizer que os usuários não estavam segurando o aparelho da forma correta e quis “ensinar” como fazer isso.

IPHONE 4
iPhone 4: problemas na sua antena causava falhas na recepção / © Wikipedia

As repercussões do problema começaram a crescer exponencialmente, com usuários do telefone provando por A+B que a falha estava lá. A situação se complicou de tal forma a ponto da respeitada publicação Consumers Report passar a não recomendar a compra do iPhone 4. 

E foi só a partir daí que a Apple finalmente se pronunciou a respeito do assunto em uma coletiva. E continuou derrapando. Primeiro, quis socializar o problema, afirmando que o bug da antena também ocorria em smartphones de outras marcas.

Depois, ofereceu gratuitamente uma capinha aos usuários do iPhone 4, o que corrigiria o problema de recepção, além de reembolsar aqueles que já haviam comprado o acessório antes do anúncio. Para completar, a empresa liberou uma atualização do iOS 4, que finalmente corrigiu o problema de nivelação do sinal. 

Ou seja, não teria sido mais fácil ter reconhecido o problema e executado essas ações de reparação desde o começo? A Apple – no auge da sua arrogância na época – mostrou que seu processo de gerenciamento de crises simplesmente não funcionava (ou talvez nem existisse). E a empresa demorou semanas para tomar ações sólidas que corrigissem o problema. 

A Samsung lidou com uma crise muito mais grave de forma muito mais eficiente

No caso do Galaxy Note 7, a Samsung mostrou-se muito mais ágil nas medidas para diminuir os danos. Ao constatar que – até o dia 1° de setembro – houve 35 casos em todo mundo envolvendo incidentes com a bateria, a empresa tomou medidas drásticas condizentes com a gravidade do problema. 

Primeiro, interrompeu as vendas do Galaxy Note 7 em todos os países onde o produto já vinha sendo comercializado. E isso incluiu até mesmo as regiões em que não foram registradas as falhas com baterias. A seguir, a empresa informou que todos os usuários que já compraram o aparelho podem trocá-lo por uma unidade nova nas próximas semanas, junto aos pontos de venda onde o dispositivo fora adquirido. 

samsung galaxy s7 bend
A Samsung foi muito ágil ao lidar com uma crise "explosiva" / © JerryRigsEverything

E, por fim, a empresa adiou o lançamento do Galaxy Note 7 nos países que estavam em seu cronograma nos próximos meses. E isso inclui o Brasil, cujo início das vendas estava programado para o dia 23 de setembro. As novas datas para a chegada do modelo ainda não foram divulgadas. 

Em resumo: é bem provável que a Samsung tenha um belo prejuízo entre o processo de recall e os Galaxy Note 7 que ela vai deixar de vender nas próximas semanas. E também é bem provável que dois ou três engenheiros da empresa (ou de seus fornecedores) já estejam atualizando o seu LinkedIn e assinando a alguma versão asiática da Catho depois dessa barbeiragem. Mas a fabricante merece todos os elogios pela forma como lidou com esta crise. Isso denota um respeito pelo usuário que outras empresas não mostraram em ocasiões anteriores. 

E o que você achou da forma com que a Samsung lidou com a crise do Galaxy Note 7? 

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Rui Maciel

Rui Maciel
Editor Sênior

Jornalista especializado em Tecnologia há mais de 10 anos, é fanático por Cinema e já "zerou" o Netflix. Mora em São Paulo e se apaixonou pela plataforma Android quando comprou seu primeiro smartphone com o sistema operacional - o Nexus S - em 2011. Mas sabe que cobrir o tema não teria a mesma graça se não fosse a rivalidade com a Apple.

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73 Comentários
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Todas as mudanças foram salvas. Não há rascunhos salvos no seu aparelho.
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  • 85
    Conta desativada 06/09/2016 Link para o comentário

    Tenho certeza que o note 7 vai ser um estouro de vendas aqui no Brasil 😂

    Gabriel S.


    • gilberto 36
      gilberto 07/09/2016 Link para o comentário

      porque la fora ja foi,kkkkkkkkkkkkkkk...


  • Adriano Alves Camelo 16
    Adriano Alves Camelo 06/09/2016 Link para o comentário

    Cara! Parabéns pela matéria esclarecedora, nota 10!


  • Denis 57
    Denis 04/09/2016 Link para o comentário

    "E o que você achou da forma com que a Samsung lidou com a crise do Galaxy Note 7? " - Ela procedeu de forma correta, mas não fez mais do que a sua obrigação.

    Luiz AlexandrePablo SilvaHenrique A.Rafhaela MarquesLuyara Muniz


  • 15
    Fabrício😃 04/09/2016 Link para o comentário

    Meus parabéns para o editor da matéria! É um dos únicos que vejo sempre participando, esclarendo dúvidas, Dando opiniões em cima de comentários de usuários daqui do site. O Rui Marciel é nota 10!

    Adriano Alves CameloLuiz AlexandreLuiz Carlos Magno Coelho


  • Flavio Rampazzo 26
    Flavio Rampazzo 04/09/2016 Link para o comentário

    Acredito que ao cobrar tão caro por um aparelho esperamos que tudo seja exaustivamente testado, porém a impressão que temos é de que as coisas são feitas mais nas "coxas" do que imaginamos.

    Dyego Santos


    • 32
      Luiz Carlos Magno Coelho 04/09/2016 Link para o comentário

      O problema foi em um único lote de baterias com defeito e que não são de fabricação própria da Samsung e sim de uma de suas fornecedoras. Infelizmente essas falhas podem ocorrer com qualquer fabricante e neste caso foi com a Samsung. Ela fez bem sua obrigação em realizar o recall para o produto e foi bastante esclarecedora na resolução do problema, diferente de Apple, LG e Sony que sempre tentam mascarar a verdade e ainda culpam os usuários!


      • gilberto 36
        gilberto 04/09/2016 Link para o comentário

        engano seu,nao foi so a bateria tambem camera e nos botoes mais de 400 mil isso so na corea e por isso que estava demorando vim para o brasil.


      • Gustavo Frezza 12
        Gustavo Frezza 05/09/2016 Link para o comentário

        Fontes da sua afirmação? Pois até agora não vi nenhuma reclamação quanto a câmera ou botões do N7!


      • gilberto 36
        gilberto 05/09/2016 Link para o comentário

        canaltech.


  • Squalo 28
    Squalo 04/09/2016 Link para o comentário

    Aí eu me pergunto, se o Problema é da Samsung, pra colocar a Apple no meio? Puta merda, pra ficar nessa FANBOYOLAGEM, EDITOR? Ta querendo ficar causando briga de android x ios , empresa x vs empresa y? Pf. Meio sem nexo.

    Dyego Santos


    • Henrique A. 22
      Henrique A. 04/09/2016 Link para o comentário

      A matéria levantou a diferença de postura entre as duas empresas em casos de falhas, mas não comparou a gravidade das falhas. Não tem nada de "fanboyolagem".

      Luiz AlexandreArthur S.Dyego SantosJonscravit


      • Squalo 28
        Squalo 04/09/2016 Link para o comentário

        Da no mesmo, pra que criar um artigo aassim? Só as duas empresas? Se fosse pra fazer algo bem feito faria com todas as empresas que deram problema e como lidaram, mas não o editor gosta de colocar gasolina nessa disputa besta... E fica nessa de fanboy.
        Além do mais, deu pra ver a "imparcialidade" no artigo.


  • gilberto 36
    gilberto 04/09/2016 Link para o comentário

    ate nisso a samsung e apple sao iguais.


    • 36
      Jonscravit 04/09/2016 Link para o comentário

      vc leu o Texto da materia?

      Arthur S.


      • gilberto 36
        gilberto 04/09/2016 Link para o comentário

        sim,uma nao vive sem a outra ate nos comparativos.


  • Henriquellima 19
    Henriquellima 04/09/2016 Link para o comentário

    Claro, pois um problema de sinal é tãaaaaaaaaaaao mais grave que um problema de explosão de um celular. Não é a primeira vez e talvez não vai ser a última, mas esse tendenciosidade em desvalorizar a principal concorrente é ridículo. O que a Apple fez foi o que qualquer empresa faz antes de realmente assumir um recall, e uma atualização de software provou que não existia um problema de hardware. Agora comparar esses dois problemas completamente diferentes só pra mostrar que uma empresa "está se importando com o cliente" chega a ser vergonhoso para o site. O recall da Samsung era só uma questão de tempo, tendo a empresa muita sorte de não ter ferido ninguém ou coisa pior. Mas por favor edição, melhorem isso pois o site não precisa de sensacionalismo.

    Dyego Santos


    • 20
      KcoP 04/09/2016 Link para o comentário

      Quem te disse que o problema não existia ou existe?

      Jonscravit


    • Henrique A. 22
      Henrique A. 04/09/2016 Link para o comentário

      Não é pela gravidade do problema, mas pela postura da empresa. Em nenhum momento, por exemplo, a Samsung veio a público dizer que utilizaram cabos de terceiro durante o carregamento.
      E outra, o iPhone 6 de 2014. Até hoje vemos casos de iPhone 6 com problemas na tela causados pela falta de resistência da carcaça de alumínio e a Apple ignora o caso.

      HenriquellimaJonscravit


      • Henriquellima 19
        Henriquellima 12/09/2016 Link para o comentário

        Este caso sim poderia ser comparado, ou até mesmo o bendgate, onde a Apple teve a mesma atitude e não consertou o problema. Mas a comparação de um problema de software contra um problema grave de projeto de hardware, que o site montou como inadmissível por parte da Apple é ridículo.

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