Review do Galaxy Note 9: a S-Pen é, ainda mais, a estrela

O preço caiu bastante, mas ainda é muito caro

Quando em seu lançamento, o Galaxy Note 9 chegou por assombrosos R$ 5.500, embalados pela marca de mil dólares alcançada no exterior. Quatro meses depois, é possível encontrar o mesmo aparelho, em sua versão mais básica com 128 GB, por R$ 3.600, uma queda de 35%.

Nada mau para um super carro chefe, mas ele continua sendo um aparelho muito caro para o bolso do brasileiro. Ainda assim, está mais barato que os iPhones de 2018. O modelo de de 512 GB, porém, mesmo com lançamento a R$ 6.500, ainda esbarra nos 5 mil reais.

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O mesmo perfil, com melhorias

De cara, é difícil perceber o que mudou do Note 8 para o Note 9, principalmente pelo fato de que a frente de ambos é extremamente similar. É na traseira que você percebe os maiores investimentos em P&D, concentrados em uma pequena área: o sensor biométrico.

Assim como no Galaxy S9, a Samsung percebeu que manter o sensor de digitais próximo à câmera era uma ideia bem ruim, que levava a sujar a lente com frequência. Ele não é a prova de erros, você ainda vai limpar a lente com a camiseta muitas vezes, mas a taxa de erro caiu bastante.

Fora isso, a sul coreana não quis mexer muito em time que está ganhando, e o visual retangular austero e reto continua , o que o deixa bem elegante e sério. A ideia é sempre que ele se pareça com um tablet, facilitando o uso da stylus da qual falarei mais abaixo.

Ele ganhou peso, adicionando 6 gramas e chegando a 210, e também teve a adição de 0,2 milímetros à sua espessura. No tamanho ele também mudou, mas no fim das contas ficou o mesmo. E, apesar de ser bem grande, fica confortável na mão, graças às bordas finas que apresenta. Isso não significa que seja possível mexer nele com apenas uma mão tão facilmente, mas já facilita (e a One UI deve aprimorar isso).

Nos botões, continua tudo igual. Você continuará apertando o botão da Bixby por acidente pensando que ele é o de energia até pegar o costume. Eles também não são facilmente alcançáveis no uso com apenas uma mão. O corpo continua sendo totalmente em vidro, exceto pela moldura em metal.

Abaixo ficam a conexão USB Tipo-C, microfone, saídas de som a S-Pen e a conexão de áudio. Acima, o berço para chip e mais um microfone. A traseira, além do sensor, traz um módulo ligeiramente protuberante com as câmeras, flash e sensores.

O modelo que testei foi um azul cintilante meio pálido, e há um toque de diversão no fato de que a S-Pen, nesse modelo, é amarela viva. Há também um modelo todo em preto e um muito bonito em cobre, mas bem mais caro por ter mais armazenamento. Ele traz proteção IP68.

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A tela é tudo o que você espera dela

São 6,4 polegadas encaixadas em um corpo diminuto para tudo isso, graças à tecnologia Infinity Display da Samsung. Não são as menores bordas que você já viu, mas elas ficam bem disfarçadas com a curvatura do vidro nas laterais, o que acaba ajudando na usabilidade.

Essa tela pouca coisa maior do que o antecessor (0.1 polegadas) traz "testa e queixo" grandinhas, e apenas o primeiro se justifica. A parte superior é cheia de coisas como saída de som, câmera e sensores – são ao menos cinco furos para isso). Com o tamanho da borda inferior, bem que a saída de som poderia ser aí.

Com resolução 2K de 1440 x 2960 pixels, aspecto 18.5:9 e 516 ppi de densidade, ela é tudo o que você pode imaginar de uma tela incrível, exceto pelo brilho, que não é dos mais fortes que eu já vi. Ainda assim, é uma Super AMOLED com certificação HDR10 colorida e intensa .

É o melhor display da Samsung, e um dos melhores do mercado, sem dúvida alguma. A imagem é clara e limpa, ótima não apenas para o uso do dia-a-dia como também para filmes e jogos. Por fim, além da proteção contra água e poeira, tanto a frente quanto a traseira do Note 9 são em Gorila Glass 5.

A canetinha maravilha, agora melhor

E se o Note 9 não mudou muito em design, é na S-Pen que reside a grande novidade dessa nova geração da linha Galaxy Note. A stylus da Samsung é o diferencial desses smartphones desde o início, e dessa vez a fabricante resolveu mudá-la para melhor.

Ela continua bem parecida com as anteriores, sua ergonomia não é das maiores, mas agora ela é Bluetooth 5.0 . Se antes ela funcionava apenas em contato com a tela, agora pode ficar distante do Note 9 e executar ações práticas como o disparo de fotos e o controle de apresentações. Capturar fotos de longe é realmente muito bom.

Com o objetivo de abrir para ainda mais funções, a Samsung disponibilizou a API da S-Pen para desenvolvedores, assim mais recursos, vindos de terceiros, podem chegar à sytlus. E, como agora ela é Bluetooth, precisa ter carga, e são prometidos 200 minutos de autonomia em seu capacitor.

Eu não consegui usar tudo isso antes de guardar a S-Pen, e é justamente nesse momento em que ela recarrega. Bastam 40 segundos guardada para 30 minutos de autonomia de uso.

DeX está evoluindo também

Para quem reclama do alto preço do Galaxy Note, é preciso lembrar que seu custo benefício está mais para o lado corporativo. Sua plataforma interna é cheia de certificados de segurança e encriptação de informações, duplo perfil para separar o trabalho da vida pessoal e, agora, um melhor suporte ao DeX.

A plataforma de espelhamento da Samsung exigia que você comprasse um dispositivo separadamente, uma base, a qual você conecta em um monitor e consegue ter acesso a um uso mais parecido com o de um computador. Com o Note 9, você só precisa de um cabo USB Tipo-C/HDMI para começar a usar o DeX, que já vem integrado ao aparelho.

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De um tempo para cá, a Samsung tem evoluído o recurso, que agora aceita mais apps em tela cheia. Além disso, é possível conectar mouse e teclado via Bluetooth ao Note 9, ou ainda usar a própria tela do dispositivo como trackpad e teclado. Só falta permitir usar o sensor biométrico como autenticação.

Em meus testes, gostei bastante do recurso. É muito interessante ter um desktop disponível onde quer que você vá, bastando ter, essencialmente, um cabo, um teclado e um monitor. É possível até editar vídeos com os apps que o Android já disponibiliza.

O scanner de íris e o desbloqueio por rosto estão rápidos

A função de scanner de íris existe desde o Galaxy S8, mas não era das mais rápidas, exigindo um pouco de paciência. Agora, os dois recursos estão bem mais rápidos, mas infelizmente não consegui usá-los juntos, como já pode ser feito com o Galaxy S9 e S9+, a função Intelligent Scan.

Quando você liga a tela (sim, precisa apertar o botão de energia – alô, Apple!), os sensores varrem as íris do usuário e o reconhecimento facial clássico (não semelhante ao 3D do iPhone X) garante uma velocidade de desbloqueio mais rápida e de melhor confiabilidade, não importando qual delas você usa.

A One UI está quase aí

Já em testes e até recebendo a versão final do Android Pie em alguns países, o Note 9 permanece no Android Oreo 8.1 aqui no Brasil. Agora em março, chega a atualização não apenas para a nova versão do Android, mas também para a nova interface da Samsung, a One UI, desenhada principalmente para ajudar no uso de telas grandes com apenas uma mão.

Enquanto ela não chega, ficamos com a velha e boa Samsung Experience, para os que a apreciam. É fato que a One UI está bem mais limpa e elegante , mas a SE vem melhorando ano a ano e também já se apresenta mais leve.

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A Samsung tem prazer em simplesmente lotar o smartphone de funções, tantas que você vai precisar de menos apps de terceiros para ter o que precisa. Um dos exemplos é a própria Bixby, assistente do aparelho. Você também pode usar o do Google, se mantiver o dedo no botão home.

De tantas funções, a Bixby merecia até uma seção apenas para ela, mas isso não acontece porque a Samsung ainda não disponibilizou a função em português, o que é uma pena. Apesar de não ter uma compatibilidade tão alta quanto a do Google, a Bixby faz ótimo uso dos apps que a Samsung manda no sistema, e dá para pedir quase qualquer coisa... em Inglês.

O sistema é bem fluído no conjunto geral, nenhuma função vai tropeçar, mesmo com muitos apps abertos. Ao menos para a versão com Exynos que temos por aqui, é tudo muito otimizado. E se você não curtir milhares de funções que podem te deixar confuso, é possível desativar ou configurar praticamente todas elas.

O UX da Samsung provou ser mais otimizado e os atrasos que eu notei com frequência no S9+ na verdade quase desapareceram com a atualização que veio alguns dias após o lançamento do Note 9. A marca coreana ainda tem muito trabalho a fazer para melhorar seu software mas, aparentemente, Oreo 8.1 e Samsung Experience 9.5 vão muito bem juntos.

Resfriamento à água

Como era esperado, o conjunto que roda no Note 9 permite a você fazer o que quiser, com quantos apps quiser, seja dividindo a tela ou jogando o já não mais exclusivo Fortnite a todo vapor. Eu, como jogadora de PUBG, preferi testar mais usando esse jogo, e não há reclamações.

Mesmo com os detalhes no máximo, não vi engasgos, embora nunca tenha jogado esse título em algo mais suave do que o Pixel 2. Enquanto nos Estados Unidos há a versão com Snapdragon à venda (e que dizem ser a melhor), esse que temos aqui e no restante do mundo é um conjunto da própria Samsung.

O processador Exynos 9810 com 6 GB de RAM e 128 GB de armazenamento é o mesmo conjunto dos Galaxy S9 e S9 Plus , mas a variante em cobre traz 8 GB de RAM e 512 GB de armazenamento. Com o slot para micro SD, é possível expandir tudo em mais 500 GB.

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Para manter tudo funcionando com suavidade, a Samsung inseriu no Note 9 um sistema de resfriamento à água, similar àqueles que vemos em PCs parrudos. É a solução para aumentar a bateria e manter o corpo pequeno.

Você perceberá a mudança ao usar o Note 9. Durante a operação normal, o smartphone fica sempre frio e, durante as sessões de jogos, ele tende a esquentar um pouco na área do SoC. Isso ocorre, no entanto, não no lado do dissipador de calor, mas no lado da tela. Comparado com o S9+ e os outros flagships que testei, você pode apreciar o resultado sem ter que recorrer à medição de temperatura com instrumentos especiais.

Em relação a rapidez, vale também citar que o sensor biométrico continua não sendo um dos mais rápidos do mercado, e além de sua posição ainda um pouco atrapalhada, ele pode demorar mais do que você gostaria para destravar a tela e autenticar pagamentos. Ele é dual nano SIM, pena que os slot são híbridos.

Nos testes mais técnicos, ficou claro que a GPU Adreno 630 do chipset Qualcomm é melhor do que a Mali-G72 MP18 do Exynos. E, se apenas benchmakrs contassem, não seria um bom prognóstico. Felizmente, sabemos que os benchmarks são apenas indicadores e devem ser tomados com um pouco de sal.

Para os que gostam de ouvir música

Já estão começando a rarear mais do que gostaríamos o número de modelos de smartphones que trazem a conexão de áudio física. Por sorte, o Note 9 manteve essa característica, que é bem aproveitada pelos fones AKG que vêm na caixa e pelo suporte ao Dolby Atmos.

Amantes de música de alta qualidade mais uma vez encontrarão um equalizador avançado com efeitos específicos e a opção de alterar o áudio ao seu gosto. Os fones da AKG não são os melhores que você pode encontrar, mas com certeza estão no pódio entre aqueles que já vêm na caixa. Você provavelmente não precisará de outros, a não ser que queira usar algum sem fio.

O som externo agradou bastante. Tem seus tropeços uma vez que uma das saídas fica na parte inferior (podendo ser tampada sem querer na hora do jogo), e não na frente do aparelho, e a que fica em cima da tela é mais fraca, uma vez que é a saída de som para ligações também. Essa última cuida mais dos agudos, enquanto a mais potente fica com os graves. Ainda assim, é um estéreo.

Há muitos controles de volume do sistema, e isso eu achei ótimo. Seria péssimo a Bixby gritar no mesmo volume dos alarmes que eu preciso para acordar. Além disso, aprimorou a função Adapt Sound, e oferece perfis de som de acordo com a faixa etária.

Câmera qualidade Samsung topo de linha

A Samsung não trouxe uma nova configuração de câmera para o Galaxy Note 9 e, ao invés disso,  transplantou para a linha a câmera dupla com abertura variável do Galaxy S9+ (f/1.5 e f/2.4) . Não é uma má opção, pois mesmo que em nossos testes o Galaxy S9+ não brilhe com fotos fenomenais, sabemos que é uma câmera que ainda conta com o que há de melhor atualmente no mercado.

A traseira conta com uma câmera dupla de 12 MP cada, enquanto a frontal traz 8 megapixels com abertura f/1.7 e foco automático, as mesmas desde o Galaxy S8, e também as do S9 Plus. Temos também as adições do uso de IA para melhores fotos e da função Super Slow Motion, que faz vídeos até 960 fps, sem a necessidade de pressionar um botão.

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Não é nem de longe ruim, muito pelo contrário, é uma das melhores câmeras que você pode comprar aqui no Brasil, ela é excelente. Porém, outros modelos já o ultrapassaram em qualidade geral e, principalmente, em fotos no escuro, onde apanha da linha Pixel. Ainda assim, é possível dizer que aqui no país não há câmera melhor.

Além das fotos muito boas com bom alcance dinâmico, cores equilibradas e um pós processamento acertado, ela tem um rápido disparo, algo importante para não perder o momento, muito bem suportado com a estabilização ótica, que leva a menos erros. No escuro, também faz fotos com boa entrada de luz, apenas não consegue manter 100% da nitidez, e ao aproximar é possível vê-las empasteladas (para seu conjunto ótico).

Com o modo Pro, você pode fazer ajustes manuais, e aí consegue tirar algumas obras de arte dela (mesmo com ISO no máximo 800). Ainda assim, a maioria das pessoas precisa de uma câmera que se tire do bolso e dispare boas fotos. A câmera frontal é muito boa também, mesmo não sendo recente. Suaviza o rosto mesmo sem o modo beleza ativado, mas mesmo esse se mostrou interessante com diversos recursos.

Os recursos de Inteligência Aumentada estão presentes, assim como as cenas e o HDR vívido, além dos AR Moji que montam seu rosto virtual. Todos os elementos foram aperfeiçoados no software de câmera para tornar a experiência mais rápida e imersiva.

Bateria maior, mas resultados que ainda não condizem

Bateria é um assunto delicado para a linha Note, sabemos. Com os problemas do Note 7, a Samsung resolveu apostar na segurança e a capacidade do Note 8 foi para 3.300 mAh, pouco compatível com um preço tão alto. Nessa última versão, aumentou um pouco seu tamanho geral e a bateria foi para 4.000 mAh.

E essa é uma boa notícia, pois um smartphone tão cheio de recursos e funções precisa de mais potência para não te deixar na mão durante o dia. Uma notícia melhor ainda é que ele consegue passar de um dia longe da tomada , fazendo quase 8 horas de tela. Mas não vai muito além disso, e nem todas as vezes passaram de 24 horas.

Durante meu uso, 10% da bateria foram com o Always On Display e com o próprio stand by da bateria. Há muitos ajustes para melhorar os gastos, como monitoramento de apps que podem gastar demais, diminuição do brilho geral, inativação do Always On e até a redução da definição da tela para FullHD+ ou HD+, boas sacadas, embora nenhuma seja drástica na mudança.

Há suporte a carregamento sem fio e ao carregamento rápido Quick Charge 3.0, que ainda bem vem dentro da caixa. Se quiser, para esquentar menos, você pode até desabilitar o QC, e também pode usar um carregador sem fio rápido. Há várias opções.

No teste de bateria organizado pelo AndroidPIT Itália, o Note 9 alcançou ótimos números utilizando o app de benchmark PCMark,  com 10 horas e 25 minutos de duração da bateria. No geral, conseguia chegar ao final do dia com 10-20% da carga restante, recarregando enquanto dormia.

Samsung Galaxy Note 9 – Especificações Técnicas