O preço do LG G5 SE não conseguiu me convencer até agora

Durante o evento de lançamento do G5 SE, a empresa tratou de esclarecer logo de cara os motivos que, segundo ela, levaram a escolha pela versão modificada do modelo. Bom, se a empresa voluntariamente adicionou essa pauta em sua coletiva de imprensa, é sinal que a mesma já estava ciente dos questionamentos que iria receber de seus usuários e dos jornalistas que lá estavam presentes.

• Seria o Zenfone 3 o grande rival dos Moto G4 Plus e LG G5 SE?

Contudo, todos os argumentos que a empresa deu para justificar sua escolha pelo SE, e o valor cobrado nele, convenceram apenas parcialmente. Aliás, alguns deles se contradizem em alguns pontos. Confira:

"A crise econômica influenciou na escolha da LG"

Como esperado, a LG não deixou de mencionar a crise financeira que o país enfrenta. É de conhecimento de todos que existe burocracia e uma série de impostos que são aplicados para os fabricantes que importam ou montam smartphones localmente. E, mesmo sendo produzido no Brasil, o G5 SE também sofre com as tributações do setor.  

Só que, além do alto preço do aparelho em si, os módulos do G5 SE também chegaram com valores bem altos, custando entre R$ 649 e R$ 1.799. E sem um módulo adicional, o LG G5 SE é mais um smartphone como os outros. E que custa R$ 3.500. 

O problema aí é que se a crise econômica atinge a LG, ela atinge mais ainda o seu principal foco: os usuários brasileiros. Investir altos valores no kit "smartphone + módulos" - cujo preço pode chegar a R$ 8645 se o consumidor quiser comprar o pacote completo -  é uma opção inviável para a esmagadora maioria da população, principalmente se levarmos em consideração a rotatividade do mercado de smartphones. Daqui há um ano, por exemplo, este dispositivo e seus acessórios estarão mais baratos.

• Review dos módulos do LG G5

A crise e os impostos não ajudaram a LG, mas, convenhamos, o preço do dispositivo e de seus módulos também não. Se a empresa já optou por uma versão mais básica para tornar o produto mais acessível (e não conseguiu), por que todo o conjunto da obra não caminhou neste sentido do custo/benefício?

Em resumo: ou a LG está pensando a longo prazo (dois, três anos) ou corre o risco de ver o projeto do G5 naufragar rapidamente por aqui. 

"O Snapdragon 652 não oferece uma experiência de uso inferior"

Depende. Se a LG estiver comparando o Snapdragon 652 com o 617, nós entenderemos. Agora, se levarmos em consideração o Snap 810 ou o 820, esse argumento da empresa não se sustenta. Consumidores que compram aparelhos que custam mais do que 3 mil reais, geralmente, são bem exigentes e sabem o que estão levando para casa. 

É um pouco de "ingenuidade" da LG achar que esses consumidores não irão pesquisar qual é a diferença entre o G5 e o G5 SE pela internet. Artigos que destacam a diferença no processamento de ambos os modelos é o que mais têm por aí. Quer um exemplo? Dê uma olhada no nosso comparativo abaixo, mais precisamente na seção "Performance":

• Review preliminar do LG G5 SE

Claro, o Snapdragon 652 não é um processador fraco, mas, definitivamente, ele não é o que esperamos ver num top de linha. Pode ser que a curto prazo a experiência de uso não seja comprometida, mas, como esse dispositivo se comportará com as futuras atualizações do Android?

"O processador inferior torna o preço mais competitivo"

Na teoria sim, mas, na prática, não foi o que a LG fez, visto que R$ 3.500 não é um preço muito competitivo. Mas o usuário deve levar em consideração que os preços dos aparelhos da LG costumam cair rapidamente no mercado. Durante o lançamento do LG G4, por exemplo, a fabricante sul-coreana informou que repassa ao varejo uma proposta de correção para baixo no preço do dispositivo a cada três meses, pratica feita também pela Samsung.

Pessoalmente, gostaria de ver a LG sendo competitiva desde já e não ao longo dos próximos meses. Ou melhor, a empresa poderia ter escolhido um processador da MediaTek mais avançado e, teoricamente, mais barato que os da Qualcomm, para equipar essa variante do G5, mantendo o preço equilibrado. Concordam?

Conclusão

A impressão que fica é que a LG não terá um aparelho topo de linha forte no mercado este ano, seja pelo preço do smartphone em si (levando-se em conta sua configuração mais "lite"), seja pelo que é cobrado nos módulos. Mas, se você tiver um pouco de paciência, vale esperar. Um bom exemplo disso é o LG G4 que, em menos de um ano e meio, ficou com o valor de mercado semelhante ao do G3.