USB Power Delivery: o que é e onde posso usar?

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© nextpit

Olhando para um plugue de tomada, uma fonte trambolhuda e um cabo USB, você nunca se perguntou por que essa última conexão não poderia ser a única a ser utilizada para tudo? Se você já pensou nisso, saiba que não foi o único. Esse é um dos objetivos do USB Power Delivery.

Esse termo, USB Power Delivery, ou ainda sua sigla USB-PD, não devem ser estranhos a você. Eles já apareceram por aqui mesmo, no mercado de smartphones, e promete realmente facilitar a vida de muitos outros mercados, isto é, se realmente sair apenas do conceito.

Normalmente, um cabo USB é o que já conhecemos: majoritariamente um cabo de dados que, secundariamente, também fornece energia. Uma porta USB 3.0 pode entregar 10 Watts, o que pode ser suficiente para carregar rapidamente alguns smartphones. Porém, nem de perto é o suficiente para smartphones com baterias mais parrudas ou aparelhos como notebooks, monitores e outros.

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O carregador de mesa Anker PowerPort+ 5 possui Power Delivery / © NextPit

Porém, o consórcio de empresas que cuida do USB, o USB IF, percebeu como a porta USB se tornou popular, presente em quase tudo o que temos de eletrônicos hoje, e entendeu a necessidade de alimentar equipamentos potentes. Daí veio o USB-PD, que meio que inverte a situação do cabinho USB de sempre.

USB Power Delivery significa, em português, algo como Distribuição de energia via USB, e daí você já pega o sentido da coisa. A tecnologia USB-PD transforma esse cabo, essa conexão, em um verdadeiro entregador de energia, igual ao que cabos de força tradicionais, tomadas e fontes fazem. Com ela, a porta USB pode entregar até 100W. Outra coisa, né?

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USB-C junto a uma conexão Lightning / © NextPit

Com isso, é possível não apenas entregar velocidades mais rápidas de recarga de smartphones, mas também aposentar fontes, carregadores de parede e outros. 

Uma das vantagens está em equipamentos mais confiáveis, menos chance de usar cabos e acessórios de baixa qualidade. Outra boa notícia vem da própria economia de energia em si. Enquanto os cabos e portas que temos hoje precisam converter a energia da corrente alternada (AC) da rede de energia em corrente contínua (DC), o USB-PD reduz o consumo de energia entregando corrente contínua na voltagem necessária ao aparelho conectado, economizando energia na diminuição de perda por calor.

Uma outra peculiaridade dessa tecnologia é sua reversibilidade. Se você conecta um smartphone com pouca carga a um notebook usando o USB-PD, por exemplo, o notebook irá recarregar o smartphone. Porém, se a bateria do notebook se esgotar, é o smartphone quem pode passar a recarregar o notebook. É possível também, por exemplo, um monitor recarregar um notebook ao qual está conectado.

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USB Power Delivery entrega energia variável de acordo com o aparelho / © NextPit

Por fim, fica claro que o USB-PD é um "pau para toda obra", uma vez que ainda é uma porta de conexão de dados, mas também de altas doses de energia. Para garantir segurança, ele otimiza o gerenciamento de energia em vários periféricos, permitindo que cada dispositivo receba só a energia necessária e obtenha mais energia quando necessário para um determinado aplicativo.

E onde o USB-PD já é usado?

Embora não seja super popular ainda, você pode já ter visto alguns aparelhos funcionando com o USB-PD. Um bom exemplo são os Pixel 2 e 3 do Google, ou ainda os mais novos Macbooks da Apple, além de Chromebooks. Se você notar, eles ainda usam carregadores e fontes, mas sempre com um cabo USB-C nas duas pontas.

Até mesmo os mais novos iPhones possuem suporte ao USB-PD, embora precisem de um cabo que seja USB-C/Lightning. Outros aparelhos famosos com a tecnologia são o Essential Phone e até mesmo os Galaxy S9 e o Galaxy S8, que embora sejam Quick Charge, também são compatíveis com o USB-PD. Muitos aparelhos já estão saindo com esse duplo suporte.

Isso traz mais uma vantagem, que é a unificação de diversos modelos de conexão. No caso de um MacBook novo, todas as conexões dele são USB-C, e o mercado está aos poucos se adaptando a isso, oferendo HDs externos USB-C, monitores USB-C, impressoras USB-C e outros acessórios, eliminando a necessidade de diversos cabos diferentes, como HDMI, USB 3.0, microUSB e outros.

Há um concorrente

Embora mais de nicho, especificamente no mundo de smartphones, nós temos a presença do Quick Charge da Qualcomm como um concorrente de peso, impedindo que o USB-PD se espalhe mais por um dos mais populares mercados.

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O Quick Charge da Qualcomm domina o mercado de smartphones / © NextPit

São necessários chips da Qualcomm para que o Quick Charge funcione, e isso deixa essa outra tecnologia de carregamento rápido presa a gadgets portáteis como smartphones e, no máximo, computadores. Porém, justamente nessa área onde o USB-PD poderia correr solto, ele perde bastante campo, uma vez que a Qualcomm domina os smartphones Android do mercado.

A partir do Android Nougat 7, o Google colocou em seus documentos uma forte recomendação para que as fabricantes não utilizassem padrões proprietários como o Quick Charge. Embora ninguém tenha dado muito ouvido a isso, alguns aparelhos já contam com os dois formatos.

Você acha que o USB-PD ainda será o padrão um dia?

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Bruno Salutes

Bruno Salutes
Editor

Apaixonado por dispositivos Android e uma boa xícara de café.

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3 Comentários
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  • Juliano Olivetti 27
    Juliano Olivetti 18/01/2020 Link para o comentário

    No Nexus 6P foi a primeira vez que pude usar um cabo USB-C com padrão nas duas pontas, já era uma tentativa do Google de popularizar o padrão. Passei pelo Pixel 2XL e agora Pixel 3XL, e funciona muito bem. O único porem é que a capacidade de carga é semelhante as primeiras gerações de carregamento turbinado, e isso não tem sido alterado, pelo menos na linha Google.


  • 73
    Jairo rios 14/01/2020 Link para o comentário

    Está aí um padrão difícil de ser criado , a comissão europeia está tentando criar um.padrao único, mas players poderosos como Apple são contra , afinal como ela.podera vender seus caros adaptadores.


    • 1
      Eduardo Alcantara há 4 meses Link para o comentário

      Já era. Agora em 2023 a Apple já está tendo que usar USB.

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