MediaTek anuncia o primeiro chip de 4 nm: Dimensity 9000 5G

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© MediaTek, ARM

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A MediaTek anunciou seu mais novo processador, o Dimensity 9000. Apesar da fabricante taiwanesa destacar o fato do chip ser o primeiro do mundo — anunciado publicamente — a ser produzido no processo de "4 nm", talvez o destaque maior seja mesmo o fato dele utilizar os novos núcleos de CPU ARM Cortex-X2, de alto desempenho e o primeiro compatível com a nova arquitetura ARMv9.


Direto ao ponto:

  • Dimensity 9000 é o primeiro SoC anunciado em 4 nm, antes de Apple, Qualcomm, Samsung e outras;
  • Processador é o primeiro anunciado com as novas CPUs de alto desempenho Cortex-X2;
  • MediaTek promete um salto de desempenho de 35% em relação ao "flagship Android" atual;
  • Slides de apresentação do processador destacam vários "pela primeira vez".

Enquanto geralmente todas as atenções ficam voltadas para a Qualcomm e Samsung com seus processadores Snapdragon e Exynos, respectivamente, a MediaTek lentamente vem roubando os holofotes. Não bastasse ter se tornado a maior fornecedora de SoCs para smartphones ao longo de 2021, agora a empresa pode se gabar de estrear novos processos de fabricação, núcleos e arquiteturas de CPU.

Tradicionalmente, a empresa taiwanesa era a típica "seguidora dos líderes", adotando designs e litografias já maduros — e baratos — estreadas pelas líderes, incluindo a HiSilicon, subsidiária da Huawei que foi a única além da Apple a usar o processo TSMC N5 para um SoC de smartphone, enquanto o Snapdragon 888 e Exynos 2100 foram lançados mais tarde, fabricados no processo Samsung 5LPE.

4 "nanômetros"

O ponto destacado do Dimensity 9000 é exatamente a litografia, usando o processo de fabricação TSMC N4 — popularmente conhecido como 4 nm. Além das vantagens de menor área ocupada, na prática, o maior salto para os consumidores é a redução no consumo de energia em comparação com as outras gerações de fabricação, em especial em relação aos processos da Samsung Foundry, no geral menos eficientes que os da TSMC.

Segundo a MediaTek, o Dimensity 9000 é até 37% mais eficiente que o "Android Flagship", presumivelmente o Snapdragon 888. Ao mesmo tempo, é até 35% mais potente em termos de desempenho, algo que já estamos ansiosos para testar.

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MediaTek detalhou até a configuração de cache do novo SoC / © MediaTek

Nova geração de CPUs ARM

Um dos motivos para o salto de desempenho é o uso dos novos núcleos de CPU da ARM, com a nova arquitetura ARMv9 — outro pioneirismo do Dimensity 9000 —, para efeito de comparação, a arquitetura anterior, ARMv8, foi inaugurada em um dispositivo pessoal pela Apple, com o A7 do iPhone 5S.

A MediaTek é a primeira empresa a anunciar um SoC com os novos núcleos, com destaque para o Cortex-X2, de alto desempenho, associado aos núcleos Cortex-A710 e A510, usando uma configuração 1+3+4. O uso do X2 por si só é outro ponto inédito da fabricante, que não chegou a utilizar a CPU Cortex-X1 — encontrada no Snapdragon 888, Exynos 2100 e Google Tensor.

Outros pioneirismos

Não bastassem os ineditismos anteriores, o Dimensity 9000 é o primeiro SoC anunciado com suporte ao novo padrão de RAM LPPDR5x, que promete tempo de acesso (latência) menor, com uma maior taxa de transferência de dados. Mesmo assim, o processador é compatível com o padrão LPDDR5, com disponibilidade maior e mais barato.

E assim como o processador foi o primeiro anunciado com os novos núcleos de CPU da ARM, o Dimensity 9000 também estreará a nova GPU Mali-G710. Neste ponto, é possível que a MediaTek seja a única a adotar o processador gráfico, considerando que a Apple e Qualcomm utilizam designs próprios, enquanto a Samsung deve adotar em seus próximos SoCs premium uma GPU baseada no RDNA2 da AMD.

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Para não ser acusada de reciclar os (vários) slides com "World's 1st", a MediaTek trocou a fonte usada na frase / © MediaTek

Aqui também a empresa taiwanesa anuncia um salto de desempenho de 35% em relação ao mesmo "Android Flagship". Neste ponto, porém, há motivos para um pouco de ceticismo, já que a MediaTek costuma ser conservadora no número de núcleos gráficos empregados: no caso do Dimensity 9000 são 10 GPUs Mali-G710.

Explico: a geração Dimensity 1000/1100/1200 utiliza 9 núcleos Mali-G77, enquanto chips flagships rivais como o Exynos 2100 e Kirin 9000 empregam 14 e 24 núcleos, respectivamente, o que explica a vantagem em games (e benchmarks) dos rivais.

Com os futuros Exynos adotando GPUs AMD, é possível que a vantagem do Dimensity 9000 desapareça antes mesmo de sua chegada ao mercado, dependendo de quando o processador será adotado pelas fabricantes de celular.

Outros blocos do SoC

A MediaTek destacou ainda os novos núcleos de inteligência artificial (NPU), 400% mais rápidos e 400% mais eficientes que a geração anterior (Dimensity 1200), além do novo processador de imagem (ISP) Imagiq 790. Responsável por receber as imagens das câmeras do aparelho, o componente agora é compatível com sensores de até 320 megapixels de resolução, com poder de processamento de até 9 gigapixels por segundo, somando o sinal de até três câmeras simultaneamente.

Já o processador de vídeo é compatível com vídeos em resolução 8K comprimidos pelo novo formato de vídeo (codec) AV1 — mas ainda não permite a gravação no codec. E para os displays, o Dimensity 9000 é compatível com altas taxas de atualização, até 180 Hz em FullHD+ e 144 Hz em WQHD+ (1440p+), já se antecipando à tendência de telas cada vez mais fluidas.

Por se tratar de um processador da família Dimensity, o 9000 inclui o modem 5G da própria MediaTek, que promete velocidades (teóricas) de até 7 Gbps. Como nas gerações anteriores, o Dimensity 9000 não é compatível com as faixas de frequência mmWave, que são praticamente só encontrados nas operadoras nos EUA e nos modems da Qualcomm (que equipam também os iPhones 12 e 13). Além disso, o Dimensity é compatível com Wi-Fi 6E, de 6 GHz.

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Empresa anunciou também a primeira implementação do padrão Bluetooth 5.3 / © MediaTek

MediaTek Dimensity 9000: lançamento e disponibilidade

Apresentado nesta quinta-feira (18), o Dimensity 9000 está previsto para chegar às prateleiras equipando celulares ainda no primeiro trimestre de 2022. Como geralmente acontece em anúncios antecipados de chips para celular, a empresa não divulgou quais modelos deverão ser equipados com o novo SoC.

O novo processador da MediaTek deve ter uma forte concorrência em início do próximo ano, época em que são esperados também os rivais flagship da Qualcomm (conhecido até aqui como Snapdragon 898, ou 8gen1) e Samsung (Exynos 2200). Resta saber não apenas como os chips se comparam em termos de desempenho, como também se a MediaTek conseguirá convencer as fabricantes de celulares a adotarem o Dimensity 9000.

Além disso, é possível que alguns dos "pela primeira vez" anunciados pela empresa sejam derrubados pelas rivais, já que os próximos Snapdragon e Exynos são esperados com uma configuração de CPUs semelhante. E no caso do novo Snapdragon, que deve ser anunciado no final de novembro, é possível que estreie ainda em 2021, equipando o esperado Xiaomi 12.

Questão de timing

O Dimensity 9000 tem tudo para manter a ótima fase da MediaTek no mercado de processadores para celulares, aproveitando o timing da empresa durante a popularização do 5G — não só nos países ricos, como também nos mercados emergentes — com o lançamento de SoCs de nova geração em faixas de preço antes das rivais.

Além disso, a fabricante aproveita a diversificação das marcas de celulares com relação aos seus fornecedores de componentes — algo que também beneficiou a quase desconhecida UniSOC — ao mesmo tempo em que ocupa o vazio deixado pela Huawei/HiSilicon nos segmentos intermediário e premium, especialmente no mercado chinês.

Outro ponto a destacar é o fato da taiwanesa estrear um processo de fabricação da conterrânea TSMC, enquanto a rival direta Qualcomm teve que migrar seu chip topo de linha para fabricação na Samsung Foundry, menos eficiente em termos de consumo de energia e dissipação de calor.

Mais importante talvez do que o pioneirismo, é o fato da empresa ter conseguido quebrar a virtual exclusividade da Apple nos processos mais avançados de fabricação da TSMC, responsável por produzir os chips A14, A15 e a família M1 em 5 nm. Enquanto isso, SoCs para videogames, GPUs para placas de vídeo e outros componentes em alta demanda seguem usando processos de gerações anteriores.

Fonte: MediaTek

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Rubens Eishima

Rubens Eishima
Redator

Jornalista com 15 anos de experiência no segmento de tecnologia, com passagens por portais como UOL e Softonic.

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5 Comentários
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  • Douglas Charles Cunha 41
    Douglas Charles Cunha 20/11/2021 Link para o comentário

    Que evolução sensacional da Mediatek. Parabéns a ela.


  • Soterio Salles 57
    Soterio Salles 19/11/2021 Link para o comentário

    Queremos ver aparelhos com ele... Vamos ver como se saem contra o próximo Snapdragon... Legal ver eles crescendo afinal concorrência é sempre bom.

    Rubens Eishima


  • 73
    Jairo rios 19/11/2021 Link para o comentário

    A evolução da taiwanesa é espetacular , de patinho feio esquentadinho gastador de energia , lentamente te passando a ser referência no mercado móbile , parabens .

    Rubens Eishima


    • Rubens Eishima 29
      Rubens Eishima
      • Admin
      • Equipe
      19/11/2021 Link para o comentário

      foi no bom e velho comendo pelas beiradas :D

      mas ajudou muito o fato de terem começado a usar processos de fabricação mais modernos (e esse dimensity novo é o melhor exemplo)

      Jairo rios


  • Penskemen 28
    Penskemen 19/11/2021 Link para o comentário

    "O primeiro compatível com a nova arquitetura ARMv9"
    Mediatek... Quem te viu, quem te vê 💪😃

    Camila RinaldiRubens Eishima

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